domingo, 11 de maio de 2008

Fábrica de mendigos e desigualdades


Fábrica de mendigos e desigualdades

Jorge H. Saladino

É interessante ver o legado da famigerada “Fábrica de Empregos” mote principal que levou os tucanos ao poder em São José dos Campos. 12 anos depois, o que se vê é o agravamento da desigualdade social em nossa cidade, dividida, como na idade média, entre os excluídos sociais, e uma “nobreza municipal”, muito bem acomodada nas várias ilhas de fartura, segurança e qualidade de vida, que se constituíram em condomínios. O próprio prefeito, foi o primeiro à escolher seu lado, moço de origem humilde que “Deus ajudou e ganhou dinheiro” e hoje mora num dos condomínios mais luxuosos da cidade, totalmente alheio a cidade que acontece debaixo do seu imenso nariz arábico. Talvez por isso, o mesmo, assim com seus puxas-sacos, hajam sempre como Maria Antonieta, negando a realidade sempre que ela se evidencia, mandando o povo comer brioches.

A pesquisa da Unesco sobre o número de mendigos na cidade, ou como o Secretário de Desenvolvimento Social prefere dizer: moradores de rua, só mostra aquilo que todo mundo já sabe: Debaixo dos jardins babilônicos de São José dos Campos, a coisa fede, e fede muito! É só osso debaixo deste angu.

O discurso empreendedor, a privatização da prefeitura para os amigos do peito, a precarização do trabalho, japonês vice-prefeito e secretário de desenvolvimento econômico, só podiam transformar São José no melhor exemplo ocidental de implantação do Toyotismo, forma de organização do trabalho que visa explorar ao máximo o trabalhador, cortando direitos trabalhistas, como férias, horas extras e 13°, educando robozinhos que não questionam e só vivem em função do trabalho que não existe, fazendo com que o cidadão esteja 100% do seu tempo à disposição do patrão, diminuindo salários e ai por diante, aumentando o desemprego para que as pessoas se sujeitem a ganhar cada vez menos pelo medo de perder o emprego e por ai vai.

A exploração é tanta que os boa parte dos pseudo-projetos sociais, na verdade, são formas de explorar o trabalhador de São José à se sujeitar à ganhar pouco e trabalhar muito para não morrer de fome ou não morrer o sonho. Assim, milhares de trabalhadores são utilizados no “bolsa auxílio” para fazer um serviço pesado que a prefeitura teria que contratar de qualquer maneira, vez que seu quadro está há muito defasado pela ausência de concursos públicos há anos, são obrigados à cumprir jornada diária de 8 horas, sem direito, à férias, 13°, inclusive á licença médica que é descontada de seu holerite, estagiários que excedem em muito o número permitido por lei, fazem o trabalhado administrativo sem direitos trabalhistas, agentes da cidadania, que por ironia do destino, não tem acesso ao requisito mínimo da cidadania que é igualdade de direitos trabalhistas.

Mesmo assim, o discurso empreendedor, que cria um novo rico e uma multidão de novos pobres ao seu redor, continua à acirrar a desigualdade, e muita gente ainda se vê e se verá ainda mais, à margem do mercado de trabalho, sem direito à moradia, pois aqui se você é sem teto não pode nem morar debaixo da ponte, tem de entrar numa fila para o programa habitacional para daqui alguns anos dar a sorte de ser sorteado caso já não tenha morrido de fome e frio.

Os mendigos que o prefeito e o secretário não vêem na cidade, são devidamente levados para periferia pela noite afora, superlotando comunidades terapêuticas clandestinas, que depois são fechadas pela própria prefeitura por não terem nenhuma ajuda e condições sanitárias mínimas e essas pessoas são remanejadas para outras cidades, porque miséria só no vizinho.

Não podemos continuar com essa política de cidadãos de 1ª, 2ª e 3ª classes em nossa cidade, é hora de dar um basta nessa gente que trata o ser humano como lixo!

Jorge H. Saladino

Arquiteto

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