quarta-feira, 18 de junho de 2008

Até tu, Brutus?

Até tu, Brutus?

* Jorge H. Saladino

Não é de hoje que a profunda crise ética e de identidade da política, e, conseqüentemente, da classe política brasileiras, tem sido um dos principais fatores de atraso, exploração e aumento da desigualdade social no país. Acobertados por uma legislação rígida para com a massa pobre e trabalhadora e flexível e displicente em relação aos detentores do poder e dos meios de produção, os políticos e seus pseudo-partidos, na intenção perversa de manterem-se no poder à qualquer custa, mantendo e ampliando privilégios, relegando o país e nosso povo à uma eterna expectativa de mudança que nunca vem, pela ausência de um projeto claro de nação, o que se reproduz em todas as demais escalas do poder, chegando inclusive aos municípios e seus candidatos à prefeito e vereadores que, por falta de discurso e atitude, garimpam votos em troca de favores pessoais.

Essa verdadeira deturpação da vida pública e do exercício de suas funções (basta analisar a maioria dos vereadores, que fazem de tudo, até distribuir pipoca e algodão doce como um da região sul, menos seu papel de criar leis e fiscalizar as ações do prefeito) faz com que a população em geral, desacreditada da velha ladainha de promessas e mais do mesmo da política tradicional, tenha abandonado suas esperanças num mundo melhor, entregando-se como gado no matadouro à esse discurso empreendedor hipócrita que só explora ainda mais a mão de obra e a dignidade do cidadão., transferindo para o individuo à responsabilidade do Estado.

Entretanto, de vez em quando, um louco aparece tentando devolver ao povo essa auto-estima, esse acreditar que dá pra fazer diferente, com ética, justiça, enfim uma sociedade para todos.

Em nossa região, o último dessa geração foi Emanuel Fernandes, que com um discurso pautado na ética e na justiça, derrubou as velhas raposas, dando lugar à uma nova visão de cidade. Em nível nacional, o principal ícone atual foi e é o deputado Fernando Gabeira, cuja sagacidade ética reacendeu o orgulho ferido do povo, transferindo ambos, tanto Emanuel quanto Gabeira, para seus partidos e correligionários, a idéia de que nem tudo está perdido.

O povo acreditou e agora está pagando o pato. O PSDB de Emanuel, tornou-se tão auto-suficiente e arrogante, que sequer dá atenção ao povo que o elegeu, tratando à tudo e à todos com descaso, desqualificando qualquer idéia que não tenha partido de suas angélicas cabeças, impondo ao povo um regime de tirania disfarçada.

Já o caso de Gabeira é pior. Seu partido verde, no qual acreditávamos um dos últimos redutos da ética, tem se envolvido cada vez mais em escândalos de corrupção, de desvios de dinheiro público, de notas frias, de falcatruas mil, de intolerância, abuso de poder, autoritarismo e outros. Basta ler os principais jornais do país para perceber que o verde que interessa ao presidente do PV, Pena e sua turma é o verde da nota de dólar, não tendo nenhuma proposta decente para o país, nem para a Amazônia, preferindo juntar-se a “gente boa como o Kassab”, ao qual tece inúmeros elogios conforme matéria do ValeParaibano, o mesmo jornal que noticiou o sepultamento de candidatura à prefeito do PV na cidade de São José dos Campos, afim de atender ao interesses de uma minoria que prefere viver das migalhas da administração pública. Propostas para o agonizante rio Paraíba, nem pensar! O negócio desses verdes é lucrar!

Portanto, é mais do que necessário que o povo, assim como o povo argentino saia às ruas e exija mudanças, vote em gente nova, sem rabo preso e que demonstre capacidade e competência não para distribuir cestas básicas e botijões de gás, mas para resgatar ao povo o orgulho de ser brasileiro.

Jorge Henrique Saladino

Arquiteto

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