sexta-feira, 20 de junho de 2008

Direitos ou privilégios – o retorno das greves

Direitos ou privilégios – o retorno das greves

Jorge Henrique Saladino

De uma hora para outra, o que parecia impossível em tempos de globalização e seus instrumentos de pressão ideológica como a irreversibilidade das mudanças de modo que quem não se adequar vai ser engolido pelo monstro do desemprego, as greves e as mobilizações de trabalhadores voltaram à acontecer, frutos de uma política desavergonhada que insiste em querer transformar direitos legítimos em supostos privilégios.

O que mais impressiona nesta nova onda de greves (só em São José dos Campos já somam-se 5: dos vigilantes, dos motoristas e demais trabalhadores do transporte coletivo, da Hitachi, da creche dos mamulengos, dos professores do Estado) fora a pressão pública contra os funcionários da GM e do sindicato (assim como aconteceu no caso da greve dos condutores onde a prefeitura usou a tv para tentar jogar a população contra os grevistas), que por defenderem seus direitos constitucionais como, por exemplo, o de receber pela hora-extra trabalhada, é que, em todos os casos, os trabalhadores não estão se mobilizando para garantir melhores condições de trabalho e de salário, mas, pasmem, para garantir que seus direitos régios e constitucionais não fossem duma hora para outra subtraídos, sob a mesma ladainha de sempre, que direito de trabalhador é privilégio.

O mais interessante disso é que os mesmos que defendem com unhas e dentes que os trabalhadores cedam seus direitos, ou melhor dizendo, privilégios, como se fossem deles, trabalhadores, a obrigação de acabar com o desemprego estrutural (aquele que não importa o que você faça, não volta mais) abrindo mão de suas poucas conquistas.

Interessante ainda que, se os trabalhadores cedem, fazendo bancos de horas intermináveis, horas-extras, se especializando cada vez mais de modo à executar o trabalho de 2 ou 3, abrindo mão de parte de seus salários, essas ações combinadas, justamente responderão pelo aumento do desemprego, pois, que necessidade há em contratar novos funcionários se temos poucos que aceitam fazer o serviço de 2?

Interessante ainda dizer que, doar terrenos públicos, dar isenção de impostos, diminuir alíquotas e outros aos empresários não constituem privilégio, mas como gostam de dizer seus ilustres defensores, é direito deles, vez quer estão dando emprego aos pobres desempregados da cidade.

Ora meus amigos, quem dá não cobra, e até onde é sabido nenhum empregado recebe seu salário de graça, precisa trabalhar para conquistá-lo.

Má fé ou ignorância, não importa, a questão é que querem confundir o povo transformando vítimas em réus, tirando o pouco que eles tem e dando de graça para quem já tem de sobra.

É importante sim que a população recupere a auto-estima, volte à se mobilizar e não aceite mais tanta exploração, pois só assim aqueles que de fato tem privilégios vão ter que trabalhar um pouco para ter algum direito.

A mão que faz a máquina funcionar também à faz parar!

Jorge Henrique Saladino

Arquiteto

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