segunda-feira, 9 de março de 2009

A propina nossa de cada dia

Pra pilantrucanos, como Pilatos, o negócio é molhar as mãos

Na cidade de regras onde a única regra é se dar bem não importa como, qualquer empreendimento, por mais modesto que seja, só anda na base do molha-mão.

Quer erguer um prédio, uma casa, um shopping, uma fábrica, não importa, reserve uma graninha extra pra molhar a mão ou então compre uma cadeira bem confortável que a coisa vai demorar muuuuuiiiiiito.

Além de enrolar liberações de qualquer projeto de alguém que se recuse à propina, quando enfim consegue a liberação (se não desistir antes), vá se acostumando com a visita frequente de fiscais, vigilância sanitária entre outros, que vão procurar tanto pêlo em ovo, tanto cifre em cavalo que, pra ter um pouco de passar, você acaba molhando a mãozinha ordinária.

Alguns meses atrás, em pleno período de eleição, um conhecido foi “convidado” à fazer um agrado de uns 500 mil reais para ter a liberação de mais um shopping na cidade que pretendia gerar uns 500 empregos. 500 mil que eram promoção de véspera de eleição, pois fora é mais caro.

Gerar emprego é bom, dá uma moralzinha política, ainda mais em época de ondas de desemprego, mas a molhada de mão é ainda melhor, pois com dinheiro em caixa, se compra votos, se cala bocas, se oprime descontentes.

Assim milagres econômicos se multiplicam, parentes ficam ricos, amigos ficam ricos mesmo em plena recessão.

E assim, a São José dos Campos vai ficando cada vez mais São José pra Poucos.

Jorge Saladino

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