quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Quem manda no Brasil afinal de contas?

Quem manda afinal de contas?
J. Saladino

Zequinha Pinheiro, vice presidente da GM, assim como o alto empresariado em geral, dando uma de Pilatos em relação à manutenção dos empregos, lava as mãos e sentencia: “- Quem manda é o mercado.”

Ora, desde criança aprendemos que “Quem manda paga, obedece quem recebe”, entretanto, o que novamente assistimos com essa nova crise econômica de superprodução gerada pela ganância desenfreada das corporações transnacionais e dos especuladores é que o tal “mercado” quer mandar e desmandar e ainda receber, empurrando a conta da crise pro povo pagar.

Aliás, quem é de fato este tão falado mercado que interfere tanto na vida da gente?

A impressão que dá é de que o mercado é um cara temperamental, que a cada dia acorda com um humor diferente: “-O mercado hoje está apreensivo” “ - O mercado está eufórico”.

O problema é que o Mercado nunca foi não é nem nunca será gente pra sentir qualquer coisa.

Mercado é um disfarce onde vigaristas de alto escalão se escondem pra praticar todo tipo de sacanagem em troca de lucros e vantagens pessoais.

Sob o nebuloso manto do mercado, que generaliza e não dá nome aos bois, a pilantragem de gravata age à vontade sem qualquer pudor e certos da impunidade, saqueando Estados, nações e povos por meio de chantagens, extorções, tráfico de influências e informações, corrupção e por ai vai.

O mercado é um sindicato de ladrões de elite, sindicato patronal, portanto, nada mais natural que entre suas ações, fragilizem os sindicatos de trabalhadores, seus concorrentes diretos.

Mas por maior que seja a influência do mercado e suas corporações cheias de ladrões que posam de benfeitores, eles não mandam, eles compram, quem de fato manda.

Então quem manda são os governos? Em parte.

Governos fragilizados por uma corrupção sistêmica e institucionalizada, que vai dos milhões ao troco do pão, por uma mídia de massa paga para defender e influenciar com unhas e dentes os interesses de seus anunciantes, por grupos históricos e estamentais que controlam setores vitais, acabam na prática, tendo pouca autonomia e poder de decisão e, por fim, acabam se rendendo as pressões e fazendo o jogo do capital, afinal ninguém quer virar um Hamas ou um Fidel reféns de embargos e de deformações históricas.
Todos querem entrar pra história como heróis, né Lula e Obama.

Quem manda então?

No Brasil, como na maior parte do mundo Ocidental, quem manda não é o mercado, nem o governo nem o povo, quem manda de fato é a máfia de preto do judiciário.

Acima do bem e do mal, sem nunca ter passado pela legitimação de um processo eleitoral, estes senhores dão a palavra final em todas as questões sem quaisquer impedimentos, amparados por legislações claramente unilaterais voltadas aos interesses de classe dos mais fortes, mas que mesmo assim ainda permitem brechas para interpretações pessoais destes “senhores acima de qualquer suspeita”, interpretações estas que costumam ser mais “pessoais” do que deveriam.

Assim essa maldita camarilha, protegida sob o manto manchado de Minerva, encobre o que há de mais podre desde que receba a sua parte no trato.

Certos da impunidade e do poder quase sacral que possuem em suas mãos lisinhas de calos e grossas de sujeira, continuam mandando e desmandando tirando Daniéis das covas dos leões e empurrando sangue inocente para pagar os seus pecados.

Enquanto este poder absoluto e sem freio estiver nas mãos de gente que Viu o mar e Mentes, a injustiça continuará a pairar sob nossas cabeças, pois as demandas dos mercados e daniéis são tantas.

Jorge Saladino

2 Comentários:

Anônimo disse...

Muito bem saladino, bom trabalho!
Você tem toda a razão as classe dominantes mandam e desmandam nesse país!
Estava vendo esses dias na NBR um documentario sobre a ligação da midia com politicos e a elite, falando sobre fragilidade das concessões e da tentativa de trazer voto aberto para concessões de canais de TV e Rádio. Falou até de alguns políticos donos de emissoras e tudo.
Francamente, temos que mudar a atual situação, o poder tem que realmente emanar do povo!

xacal disse...

Pois é...

O "mercado" é uma expressão igual a bala perdida...

Diante da incompetência da polícia, e a banlização da violência, expressa por projetis cruzando a rua à toda hora, criou-se o termo...assim, a mídia e as elites, diluem responsabilidades, e fixam no imaginário da população de que não responsáveis pela deterioração de nossa qualidade de vida, como se as balas fossem um fenômeno de geração espontânea...

No caso do "mercado" o conceito é o mesmo...Esse ser "etéreo" serve para encobrir, ideologicamente, a premissa de que os "financistas" e operadores do cassino de wall street não fossem responsáveis por essa brutal crise, que no fim das contas, era o destino provável do mundo, diante dessa "globalização de mão única"...

O "mercado" é como deus...é uma questão de fé...

E quando se combate a "idéia" de deus, entramos em dificuldade: pois para os que acreditam, se as coisas vão bem, graças a deus, mas se vão mal, a culpa é do nosso livre-arbítrio...

Um abraço...

PS: uma curiosidade: como descobriste a trolha...?

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